GNOSE: A ARTE DE VIVER FELIZ
A maioria dos seres humanos passa por diferentes fases em sua vida: família original, relacionamentos, estudo, profissão, mudanças, prazeres, dores, construção de nova família, maturidade, velhice. Em qualquer dessas etapas pode haver o chamado à espiritualidade, a busca pelo transcendente, os grandes questionamentos, a sede de Deus. E há várias opções na busca pelo Divino, desde as chamadas religiões confessionais até linhas mais esotéricas e de outras épocas e regiões do planeta. A Gnose é uma dessas fontes de sabedoria para saciar a sede pelo Divino.
Gnose é a síntese do conhecimento humano e teve suas origens pré-cristãs (no Egito, Índia, China, Grécia, Pérsia, Mesopotâmia, América Central etc.) e também como uma fortíssima linha do Cristianismo Primitivo nos três primeiros séculos da era atual, sendo perseguida como heresia pelo clero fanático da época, alinhado ao decadente império romano. O Gnosticismo cristão foi considerado perigoso pelas suas ideias revolucionárias e, incrível, cada vez mais atuais: (I) a mulher tem as mesmas condições e direitos materiais e espirituais que o homem; (II) a busca por Deus não necessita de intermediários; e (III) é a maturidade espiritual e as ações que fazem o cristão, e não apenas o batismo e a frequência à igreja.
Desde meados do século passado a Gnose teve seu renascimento e reestruturação contemporâneos com Samael Aun Weor, filósofo com praticamente uma centena de livros e que proferiu milhares de palestras e seminários. Atualmente as escolas gnósticas estão presentes em todas as grandes cidades do mundo.
Uma das formas de abordarmos a Gnose é pelos seus desdobramentos como Ciência, Filosofia, Arte e Mística.
Como Ciência, a Sabedoria Gnóstica busca observar, estudar e compreender os mistérios da natureza e do ser humano, utilizando a lógica superior e instrumentos experimentais comuns e também transcendentes, como o estudo dos sonhos, a projeção astral e a meditação. Por isso os tesouros científicos gnósticos proporcionam uma completa e profunda pesquisa, conduzindo a leis exatas, descritas e reproduzíveis. O gnóstico cientista utiliza os sentidos e a razão para entender o mundo, de forma completa e sempre instigante.
No seu aspecto Filosófico, a Gnose toma o caminho de explicar as grandes questões da existência humana: Por que existimos? Qual a origem do sofrimento humano? Para onde vamos? De onde vem essa harmonia em todas as coisas? O que é a felicidade? A filosofia gnóstica se manifesta como dialética (linguagem) superior e tem origem na intuição, nos “insights” como se fala modernamente. Os antigos chamavam de Revelação a esses “eurekas” filosóficos recebidos do mundo arquetípico. Utilizando técnicas de auto-observação serena, de não identificação com eventos perturbadores externos e de Meditação Interior Profunda, o filósofo gnóstico aprende a saborear conscientemente a beleza das causas íntimas da Natureza.
Na sua expressão Artística, a Gnose busca o sentido estético e o despertar das emoções superiores. Através da beleza e da harmonia é possível conectar-se com o Altíssimo, perceber a Divindade dentro de nós. Por isso todas as civilizações se valem da arte para perpetuar seu conhecimento acumulado, para registrar suas conquistas culturais em pedra, tintas, notas musicais, movimentos de dança e tantas outras expressões artísticas. Ao nutrir-se de arte o gnóstico se delicia ao ouvir Deus numa ária de Bach, ou vê-Lo no mármore esculpido por Michelângelo, ou contemplá-Lo nos lábios divinos da Monalisa de Leonardo da Vinci, ou ainda vê-Lo fluir nos movimentos amorosos do Lago dos Cisnes no balé de Tchaikovsky… Tudo reporta ao divino, tudo inspira ao Criador.
Em suas cores Espirituais e Místicas, a Gnose resignifica o étimo original da palavra religião, do latim “religare”, religar o ser humano a Deus. A maioria das religiões atuais foi tão degenerada por seus ambiciosos e despreparados líderes, que o termo religião soa até pejorativo e perigoso para algumas pessoas. Como religiosidade mística a Gnose respeita e venera todas as religiões do mundo, pois constata que elas são expressões da mesma Divindade, apenas retratada em diferentes personagens, histórias, livros e discípulos. A Maria hebraica não é mais e nem menos que a Kwan Yin tibetana; o Jesus da Galileia tem a mesma expressão de filho de Deus que o Krishna hindu… todos são salvadores, todos são lindos, todos são maravilhosos, todos são veneráveis, todos devem ser glorificados. Quem compreende isso se torna um Místico Gnóstico, vê Deus em seu coração, na Natureza e nos olhos de todos os seres…
Para destacar o que significa a Gnose e os quatro pilares do conhecimento humano selecionamos estas excelsas palavras de Samael Aun Weor: a Gnose é um ensinamento cósmico que busca restituir dentro de cada um de nós a capacidade de viver de forma consciente e inteligente, através do estudo, compreensão e experimentação da Arte, da Ciência, da Filosofia e da Mística Transcendental.
Sergio Linke é engenheiro e instrutor de Gnose