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O Cristo Íntimo e o Natal do Coração

O Cristo Íntimo e o Natal do Coração

A época de Natal desperta em todos nós muitos sentimentos sublimes, como a vontade de estar com a família, ímpetos de solidariedade, a expectativa pela ceia de Natal, pelos presentes, a visão das árvores iluminadas, os presépios, o Bom e Velho Papai Noel.
A visão histórica que temos do Cristo Jesus foi incutida durante séculos no ocidente pela cristandade institucionalizada, colocando em Jesus uma figura pronta, de escolhido, de único filho de Deus.
O que poucos sabem é que o natalício de Jesus Cristo é a comemoração de um evento iniciático ocorrido com um cidadão judeu chamado Jeshua Ben Pandirá, que se preparou intensamente para o Advento dessa Força Universal chamada de Cristo.
O Cristianismo Primitivo, pregado pelos gnósticos dos três primeiros séculos de nossa era, ensina que Jesus foi um grande mestre e iniciado que trabalhou intensamente a ponto de despertar em si mesmo as potências do Salvador Salvandus, o Cristo Íntimo, o Logos do Amor.
Ensina também a Gnose que outros grandes iniciados, em distintas culturas e épocas, alcançaram este mesmo grau iniciático ou evolutivo – a Cristificação: Apolo na Grécia, Osíris no Egito, Fo-Ji na China, Krishna na Índia, Quetzalcoatl entre os astecas e tantos outros foram grandes iniciados que se Cristificaram. E há muitas “coincidências” em suas vidas: todos nasceram de uma virgem e sempre no solstício de inverno, todos apareceram em condições de pobreza, todos enfrentaram traidores, todos tiveram doze apóstolos, todos morreram martirizados para salvar seu povo, todos deixaram sua vida como lição, todos foram âncoras de religiões que os perpetuaram…
Quando ampliamos nossa visão sobre o Natal, vendo o nascimento do Cristo como a conquista de um altíssimo grau iniciático, podemos compreender muito melhor todos os símbolos que fazem esta linda festa de Confraternização e de Amor todo final de ano.

Os pinheiros iluminados representam a conquista dos dez sefirotes em nossa Árvore da Vida, como ensinam os cabalistas.
O Papail-Noel, velho bondoso, obeso e que premia com presentes quem se comporta, representa o Pai Interno ou nosso Real Ser Interior Profundo, como ensinam os gnósticos. Ele premia seu filho com presentes (virtudes) quando ele “se comporta bem durante o ano”.

O presépio, instituído por São Francisco de Assis no século XIII, traz todos os símbolos do processo iniciático da Cristificação: a estrela-guia representa Stella-Maris, a Virgem do Mar, a Mãe Divina que todos trazemos dentro de nós; os três Reis Magos denotam a purificação da Mente, das Emoções e da Vontade. O estábulo representa o pobre estado humano em que se encontrava o iniciado quando se preparava para o nascimento de seu Cristo Íntimo, no meio de animais (suas imperfeições ou ego).
Os sinos de natal estão a todo instante badalando como que chamando-nos para despertar nossa consciência, para acordarmos para a necessidade de engendrar, dentro de nós mesmos, esta força universal chamada Cristo.
Por isso, neste Natal de família, de confraternização e de comércio, lembremo-nos sempre da verdadeira origem do natalício de Jesus: ensinar que todo homem e toda mulher podem despertar em seu próprio coração o Cristo Individual, Íntimo, mediante intensos trabalhos de purificação. Esta é a verdadeira síntese da Senda da Iniciação.
Samael Aun Weor, mestre gnóstico do século XX, sintetiza de forma sublime todo este processo ao dizer: De nada terá valido o Cristo ter nascido em Belém se não nascer também em nosso coração.

 

Sérgio Geraldo Linke – presidente da AGB

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