A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO NA VIDA MODERNA
As origens da Páscoa remontam aos antigos povos da Europa (Celtas, Druidas, Gregos e Romanos), povos ditos pagãos que comemoravam a chegada da primavera e o retorno da vida. Normalmente eram realizadas na primeira lua cheia após o equinócio (quando os dias são iguais às noites) da primavera (21 de março). Os invernos eram muito rigorosos, os alimentos muito escassos, muitos não sobreviviam às extremas temperaturas e quando iniciava a primavera e a abundância de comida retornava, os que sobreviviam, festejavam a passagem de uma época de escuridão e morte (inverno) para uma época de luz e vida (primavera). A páscoa não tinha este nome ainda, mas as comemorações tinham o mesmo significado de passagem de algo ruim para algo muito bom.
Por volta de 1250 a.C os Judeus deixaram a escravidão do Egito para alcançar a liberdade na Terra Prometida (êxodo) coincidentemente no equinócio de primavera, na mesma época das festas pagãs, e esta passagem de uma situação de escravidão para liberdade era comemorada todos os anos por eles na Festas de “Pesach” em hebraico, que significa “passagem”.
Para entendermos melhor as origens da Páscoa Cristã, é preciso compreender o contexto histórico dos primeiros séculos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nos três primeiros séculos de nossa era, em Roma, o Cristianismo era não mais que uma seita do Judaísmo (os chamados Nazarenos), não tinha uma doutrina própria e seus seguidores eram caçados e mortos; havia também aqueles que seguiam o paganismo, os Judeus e muitos outros. Devido ao contexto político da época, o Imperador Constantino decide tornar o Cristianismo a religião oficial de Roma.
Assim, em 325 d.C, no Concílio de Nicéia, foi instituída a Páscoa Cristã no mesmo período da Páscoa Judaica e das festas de equinócio dos pagãos. Constantino aproveitou as festividades das outras religiões para suplantá-las com as celebrações da Páscoa Cristã, celebrando a ressurreição do Cristo para a salvação dos homens. Criando-se assim, um marco de passagem das velhas religiões para a nova (o Cristianismo) e utilizando-se o mesmo nome da festa dos Judeus.
Os festejos da Páscoa compreendem toda a semana santa que antecede à ressurreição do Cristo – tem início no Domingo de Ramos, passando pela quinta-feira santa (última ceia e lava-pés), sexta-feira santa (dia do julgamento e crucificação), sábado de aleluia e domingo de páscoa, onde celebra-se a vida ou a ressurreição do Cristo.
A Semana Santa tem sete dias e está regida pela lei do sete ou Heptaparaparshnock. Nos tempos antigos, tudo era regido pelo calendário solar: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. A Semana Santa tem raízes esotéricas bem profundas, porque o Iniciado deve trabalhar sobre as forças lunares, de Mercúrio, de Vênus, do Sol, de Marte, de Júpiter e de Saturno. O Logos desenvolve-se em sete regiões e de acordo com estes sete planetas do sistema solar.
É importante compreendermos que todo o drama que passou o Grande Mestre Jesus (Jeshuá Ben Pandirá), tal como está escrito nos quatro evangelhos, não foi somente vivido por ele, mas por todos aqueles que trilharam a senda da Iniciação e encarnaram o Cristo Cósmico e, principalmente, deverá ser vivido dentro de nós mesmos nos planos superiores. Não é algo histórico, não pertence a um passado, é um caminho que deve ser vivenciado por todos aqueles que aspiram a Cristificação. Jesus Cristo foi o primeiro que nos mostrou o caminho publicamente, vivendo o drama cósmico em carne e osso.
Graças ao Grande Mestre Gnóstico Samael Aun Weor, que resgatou a gnose transcendental e traduziu todos os Mistérios Pascais para uma linguagem que poderíamos compreender, é que podemos discorrer sobre estes assuntos.
No domingo de ramos Jesus entra triunfante em Jerusalém sentado em um burro e louvado com folhas de palmeira dos dois lados. O burro simboliza a mente, teimosa, inquieta e o fato do “Salvador Salvandus” estar montado no mesmo significa o domínio da mente pelo látego da vontade e purificações internas. As folhas de palmeiras representam os dois canais por onde circulam nossas energias criadoras transmutadas, também conhecidas como Idá e Pingalá; nos ensinando que somente trabalhando com a transmutação da energia do 3º Logos é que podemos triunfar. Para entrar na Jerusalém Celestial temos que dominar a mente e trabalhar intensamente com a transmutação das energias sexuais.
Na quinta-feira santa Jesus realiza, com seus 12 apóstolos, a última Ceia e a cerimônia do Lava-pés. Na Última Ceia Jesus, o Cristo, ensinou aos seus apóstolos o milagre da transubstanciação na qual impregnou o trigo e a uva com seus átomos de salvação, realizando assim a comunhão deles com o próprio Cristo Cósmico. Realizou neste dia, também, a cerimônia de lava-pés, que é na realidade um ritual de purificação energética muito antigo, realizado em todos os Templos de Mistérios Maiores e ao mesmo tempo deu uma lição de humildade e serviço pelo humanidade.
Na sexta-feira santa foi julgado e crucificado. Sabemos das tradições esotéricas, muito mais antigas que o Cristianismo, que na cruz está a redenção das almas; a cruz é um símbolo puramente sexual, alquímico e Iniciático, nos ensinando a necessidade de, juntamente com nosso cônjuge, trabalhar com alquimia sexual ou tantrismo branco. Cada parte que sofreu Jesus na semana santa tem uma simbologia profundamente esotérica e nos ensina o mapa para alcançar o filho (o Cristo).
O sábado de aleluia é dia de recolhimento e oração. O Cristo, despojado do corpo físico, realiza trabalhos internos muito profundos. Diz-se que o Cristo está morto, mas nem por um instante o Cristo morreu, somente o corpo físico de Jesus precisou ser preparado para a posterior ressurreição e isto se dá, falando iniciaticamente, na 2ª Montanha do trabalho interno.
E no domingo de Páscoa Jesus Cristo ressuscitou para depois ascender aos céus; porém, ele ainda fica com seu corpo ressurrecto por mais onze anos instruindo seus discípulos, que não eram somente 12, mas em torno de 70. Neste período de tempo Jesus continua seu trabalho interno de ascensão ao Pai, no que chamamos de a 3º Montanha ou a Montanha da Ascensão. Este período de 11 anos de instrução interna, pós Ressurreição, está todo registrado no principal livro dos gnósticos – A Pistis Sophia.
Caros leitores, este é o esoterismo da Páscoa, temos que compreender a profundidade desses ensinamentos se queremos, de verdade, herdar os reinos do céu, este é um trabalho que temos que fazer dia após dia, em nosso trabalho, em nossa casa, com a família, na faculdade e em todo lugar, utilizando-se das ferramentas gnósticas de transformação e dos Três Fatores de Revolução da Consciência que são: Nascer (alquimicamente), o Morrer (psicologicamente) e o Servir (desinteressadamente). Por isso, Jesus Cristo disse: “quem quiser vir depois de mim negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.
Cleberson Richardes Corrêa – militar e presidente da AGB