FELICIDADE… MISTERIOSA BUSCA
Se nos dedicarmos a observar serenamente por alguns instantes a realidade ao nosso redor, poderemos perceber que a grande maioria dos seres está buscando segurança, conforto, comunhão, paz, alegria… enfim, uma sensação que chamamos de felicidade.
Entretanto, o que é a felicidade ?
De que é feita essa sensação abstrata, tanto buscada ?
O quê fazer para alcançá-la ?
Para o investidor capitalista a felicidade reveste-se no ato de ganhar muito dinheiro…
Para o torcedor fanático a felicidade parece estar na vitória de seu time do coração…
Para o morador de rua uma noite feliz está onde há abrigo e um prato de sopa quente…
Para um místico principiante a felicidade acena quando da primeira experiência de projeção astral, ou na primeira vez em que ele sente seus chakras vibrarem como luz…
Para o trabalhador estressado, a felicidade pode travestir-se numa viagem de férias…
O quê dizer dos apaixonados ? Para esses é fácil: a felicidade somente parece estar na presença do ser amado.
Para todos esses personagens esta sensação de vitória, de alcançar objetivos, de segurança, é caracterizada apenas por momentos de prazer, por meras situações de conforto bem limitadas no tempo e no espaço. São esporádicas, finitas e ilusórias.
Se o cenário mudar, se a bolsa de valores cair, ou se o time perder para o rival, ou quando faltar a coberta e a comida, talvez quando as capacidades místicas arrefecerem, ou ainda na ausência do ser amado, aquela mesma momentânea “felicidade” vai por terra abaixo e vêm o fastio, o desespero, a infelicidade.
Por isso, a chamada felicidade, para a maioria das pessoas, nada mais é que um encadeamento de momentos de prazer onde há sensação de segurança, de reconhecimento e de domínio da situação.
Nos estudos avançados de Psicologia Gnóstica, a felicidade é algo muito mais profundo. Ela não se limita a instantes de prazer, mas constitui um estado psicológico real, alcançado quando nos libertamos definitivamente das preocupações, dos medos, dos apegos, das ambições, do mim mesmo, do ego. A felicidade engloba uma sensação perene de completude, de pertencer a um organismo maior, de estar imbuído de missão de vida ampla e transcendente, de poder cooperar com todos os seres. Na felicidade verdadeira não existem desvios de caminho, esmorecimentos, tristezas por frustrações humanas.
Samael Aun Weor, gênio gnóstico do século XX, ensina que a felicidade é um estado de consciência alcançado na ausência do eu, do ego, da individualidade ilusória.
Gnose significa sabedoria para autotransformação. Por isso ela indica a Senda da Felicidade através da descoberta dos verdadeiros mistérios e missões de nossa vida, da autorrealização do ser humano como semente divina que deve brotar.
Também no Budismo existe uma visão análoga de felicidade, onde o Dharma ensina que a felicidade do Nirvana é alcançada quando deixamos de sofrer mediante a eliminação do apego e da ambição. A Compaixão para o budismo tibetano é o alimento para a felicidade.
Vamos mais longe: grandes almas como Francisco de Assis ou Teresa de Calcutá mostraram em palavras, pensamentos e obras que a verdadeira felicidade somente é alcançada pelo buscar incessante do bem-estar e da felicidade do semelhante.
Por isso, querido leitor, neste final de ano e de renovação de planos e esperanças, propomos uma reflexão: onde estão baseadas nossas fugazes sensações de felicidade ? No exterior ou no interior ? Nos bens materiais ou nos valores intangíveis ? Nos relacionamentos em que podemos nos doar ou nas amizades em que somente almejamos vantagens ? Naquilo que você faz por si ou no que faz pelos outros ? Na busca do Deus exterior, antropomorfizado e mal traduzido pelos homens, ou na busca do Cristo Íntimo ?
Sérgio Linke é engenheiro e instrutor da Associação Gnóstica de Fortaleza