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Matemática Sagrada: a Gnose nos Números e na Geometria

Matemática Sagrada: a Gnose nos Números e na Geometria

 A Associação Gnóstica de Fortaleza (AGF) faz parte do Conselho Diretor da Academia Gnóstica Internacional (AGNI), organização composta por líderes gnósticos de vários países, todos com experiencia acadêmica universitária e décadas de pesquisas e ensino do gnosticismo moderno. Este artigo foi escrito por 4 instrutores da AGNI.

Preconceitos ligados à Matemática

A matemática talvez seja a disciplina mais injustiçada nas escolas, pois é grande o número de pessoas que pensam saber pouco, têm alguma resistência e às vezes até traumas com a ciência dos números.
Talvez por inabilidade na abordagem de alguns educadores, talvez pela falta de se demonstrar o profundo relacionamento que existe entre a matemática e outros saberes como biologia, arte, esportes, por exemplo, levou a maioria dos estudantes a terem mais afinidade com as ciências linguísticas, biológicas ou sociais (história, geografia etc.) do que com a ciência de Pitágoras.
Mas o fato é que a matemática está em tudo: em nosso corpo, em nosso metabolismo, em nossa tecnologia, nas manifestações da natureza, constituindo-se a ciência dos números um verdadeiro Código da Criação, uma linguagem comum entre os humanos e a natureza, a base da tecnologia humana (desde fazer fogo até ir à Lua), inclusive com muitos “números sagrados”, como veremos adiante.
Por utilizar com perfeição a lógica e a abstração, os resultados precisos e as previsões estatísticas, a matemática possibilita a construção da mas palpável ponte entre ciência e filosofia, ou ainda entre arte e mística (espiritualidade).
Quando uma pessoa compreende a profundidade e o alcance da matemática, então deixa de lado as dificuldades iniciais com fórmulas e teoremas, e aprende a saborear a filosofia das quantidades, vendo-a como a estética do número, o código da natureza, a linguagem de Deus, e assim os preconceitos começam a se desfazer.
Quando se chega neste estágio a dificuldade inicial com números e fórmulas se transforma na alegria de se compreender como Deus Geometriza em seu laboratório – a própria Natureza.

Vida, Vibrações, Geometria Sagrada e Matemática

A Gnose nos ensina que tudo que tem vida vibra, tem sua frequência, sua radiação emanadora ou receptora, sempre para se inteirar (compor conjunto) com outras fontes vibrantes. Esta é a vibrante e matemática Teia da Vida.
Vista matematicamente, até uma pedra tem vibração ou “vida física”, pois é constituída de subpartículas atômicas que estão vibrando a velocidade assombrosas.
Aprofundando essa ideia, a pedra parece densa para nós, mas na realidade ela é constituída de enormes espaços vazios, porém como a vibração de suas partículas é muito alta, o mineral adquire uma consolidação de matéria, de densidade.
É como quando olhamos um ventilador: se ele está parado vemos as pás e o espaço entre elas; se ele funciona a baixa velocidade vemos um círculo aparentemente compacto, mas que na realidade é uma ilusão causada por nossa visão (interação de velocidades entre nossa percepção visual e a velocidade de giro do ventilador); agora se o ventilador entra em alta velocidade as pás simplesmente somem, não as vemos, aparece um espaço vazio.
Nestes simples exemplos podemos entender a profunda relação que existe entre tudo o que vibra (o movimento do ventilador, em rotações por minuto), a geometria (as diferentes formas visíveis por nós quando as pás estão paradas, ou do círculo do ventilador a média velocidade, ou do “sumiço” das pás do ventilador a alta velocidade), tudo comandado pela interação entre números, traduzidos como as frequências (rotações por minuto) em que o ventilador gira e a percepção de nosso sistema visual (a quantidade de “quadros” ou fotografias que nossos olhos podem captar por segundo, transmitindo a imagem para nosso cérebro, para processamento).
Vida, vibrações, geometria sagrada, números, aparência, ilusão, abstrato, realidade, frequência, relatividade – todos conceitos matemáticos que podem ser retirados de seu “imperceptível estado do mundo das ideias” para nossa compreensão física e fenomenológica aqui, no mundo físico. Isso é Sabedoria, Gnose.
Síntese: a matemática é a linguagem oculta da vida e das nossas percepções humanas sobre ela.

Cabala e Matemática

A Cabala, como cita Eliphas Levi em seu O Livro dos Esplendores, “poderia ser chamada de matemática do pensamento humano. Ela é a álgebra da fé (…). Resolve todos os problemas da alma com suas emoções, esclarecendo as incógnitas.”
Levi também anota que “A Cabala tem a sua geometria ideal, a sua álgebra filosófica e a sua trigonometria analógica”.
Referindo-se ao livro de Enoque – um antiquíssimo apócrifo hebraico, afirma o abade francês que “Dessa forma, a tradição aparece em seu nobre sentido de coragem, cativando o coração do homem, bem como a lei eterna que regula a expansão infinita, os números na imensidão e a imensidão nos números, poesia em matemática e matemática em poesia.”
A Cabala é um dos ramos místico-filosóficos que pode ser expresso através da sabedoria matemática (Gnose dos Números).
Qualquer pessoa que estude profundamente a Cabala e compreenda as leis de manifestação contidas na Árvore da Vida e suas Sephiroths poderá começar a estudar Matemática Mística.
Livros tradicionais e milenares de Cabala, como o Zohar e o Sepher Yetzirá, por exemplo, são ricos em relações entre a Criação, o Verbo, o Número e a Forma (letra), já ensinando como o Verbo Geometriza (dá forma) através do Número.

Matemática como criação divina

Samael Aun Weor, sábio gnóstico contemporâneo, ensina em sua obra Tarot e Cabala: “O Universo é feito com a Lei do Número, da Medida e do Peso; a matemática forma o Universo, os números tornam-se entidades vivas.”
De acordo com Samael, “Deus é um geômetra para os gnósticos. A matemática é sagrada. Na escola de Pitágoras não era admitido ninguém que não soubesse matemática, música etc.”. Arremata o releitor da Gnose contemporânea: “O mundo da matemática é o mundo de Atman (espírito mais elevado)”.
Portanto, devemos estudar Pitágoras e reconhecer que Deus, os Elohim ou cosmocratores, em geral, são grandes matemáticos realizadores.
Nesse sentido, há outras referências valiosas, dentre as quais podemos acrescentar a sabedoria de antigos rituais gnósticos que ensina:
“Deus é a chama que crepita em tudo, a geometria vivificante de tudo. Por isso o número é Santo, é Infinito, é Eterno. Ali onde ELE reside não há diferenças, a Variedade é a Unidade.”
Há um relato de várias fontes que faz parte do enorme acervo de “lendas urbanas” associadas ao mestre gnóstico Samael Aun Weor, lá pelos idos de 1970: conta-se que um de seus alunos mais próximos estudava engenharia e lhe disse que não conseguia entender um tema de matemática típico de sua carreira universitária. Samael, ao ouvir a dificuldade do estudante gnóstico, deu a ele e a outros uma profunda aula de matemática inteira, com equações e tudo. E o melhor, o sábio gnóstico explicou a eles que essas equações surgem no mundo causal, do mundo das causas, da Vontade Divina. Explicamos: pessoas que desenvolvem suas capacidades intuitivas superiores, que visitam à vontade o mundo das causas naturais, o ambiente dos arquétipos, têm muita intimidade com a matemática.
Um exemplo claro de que os números podem ser vistos como entidades sagradas e deuses vivos encontra-se nos famosos “quadrados mágicos” (série de números dispostos em forma de quadrado, com igual número de linhas e colunas, na qual a soma em qualquer direção e sentido dá sempre o mesmo resultado). Utilizados na Astroteurgia Gnóstica, eles têm sido objeto de estudo ao longo da história da humanidade, em todos os tempos e culturas do mundo.
Há evidências de que os sacerdotes egípcios usaram os quadrados mágicos para prever o futuro e na China, no ano 2.200 a.C., o imperador Shu viu o quadrado mágico 3×3 em uma carapaça de tartaruga no rio Lo.
Há muita literatura mostrando que Apolônio de Tiana utilizou Os Quadriláteros Perfeitos, assim como Cornélio Agripa e Paracelso, dentre outros.
Atualmente, nas escolas primárias e secundárias, são recomendados como recursos didáticos de cálculo.
Da mesma forma, um lugar especial merece a Geometria da Natureza ou Geometria Sagrada, associada aos grandes construtores de pirâmides e catedrais e à arte em geral.
O estudo do número áureo, da proporção áurea, da sequência de Fibonacci, dos fractais e da simetria bilateral na Natureza confirmam que a Matemática não é uma ciência criada pelos seres humanos, como muitos sustentam no materialismo científico. Como muitas das maravilhas da natureza, não se trata de uma criação humana, mas sim de uma descoberta da humanidade.
Outro exemplo interessante pode ser encontrado na necessária correspondência que deve ser feita entre música e matemática.
O estudo da lei da oitava não é completamente compreendido sem a matemática e a ciência das vibrações.
Isso nos leva a entender que não apenas as leis do Três e do Sete são matemáticas, mas as famosas 48 Leis que regem o mundo físico (estudadas pela Gnose Moderna) estão sujeitas a princípios matemáticos, como as leis do ritmo, do retorno, da recorrência e do julgamento dos desencarnados, entre outras, através dos Axiomas do Número, do Peso e da Medida.
Além disso, os ensinamentos Samaelianos indicam que a própria morte física (ou novo nascimento, se encarado do outro lado da “equação”) é uma operação matemática que considera duas parcelas: (I) os valores positivos (virtudes ou darmas) e negativos (defeitos ou karmas) com os quais nascemos; (II) acrescidos ou decrescidos da parcela de nossas ações ao longo da vida. Entretanto, os valores liberados na morte mística (eliminação do ego e afloramento de virtudes) são positivos, enquanto a morte física deve ser considerada como uma subtração matemática.
O estudo da Astrologia Hermética não poderia ser realizado na ausência de princípios astronômicos e astrofísicos, não sendo possível negar que a Astronomia e a Astrofísica, sem dúvida, dependem inteiramente da matemática.

Matemática, Tecnologia e Desenvolvimento de Potencialidades Humanas

Aprofundando ainda mais e explorando agora um sentido prático da ciência-filosofia-arte-mística dos números, é sabido que a matemática tem aplicações científicas (engenharia, tecnologia, medicina etc.) e também usos financeiros (mercado, ações, investimento, estudos de viabilidade econômica e financeira de projetos de infraestrutura), no caso da matemática aplicada.
Quando se estuda a matemática aplicada em seus detalhes – algo que poucas pessoas fazem, simplesmente por falta de afinidade ou por não conhecerem a linguagem e as ferramentas da matemática – vemos como a matemática vai além dos números e das fórmulas, pois relaciona coisas abstratas com o conhecimento concreto.
Entre outras coisas, a matemática aplicada, muitas vezes embasada na matemática pura, estuda números, formas, magnitudes e possibilidades.
Cada ferramenta matemática listada abaixo, por exemplo, se estudada, compreendida, aplicada e meditada, fornece extensos ensinamentos gnósticos e “insights” que vão muito além da mera racionalidade, pois resultam em princípios filosóficos, místicos e até espirituais:

  • Cálculos infinitesimais (diferenciais e integrais): amplamente utilizados em física e engenharia, para estudar como as grandezas físicas variam e se acumulam. Quando há movimento ou crescimento em que atuam variáveis ​​que produzem por exemplo a aceleração dos corpos, a matemática a ser utilizada é o cálculo infinitesimal.
  • Operadores de geometria vetorial como Gradiente, Divergente, Rotacional e Laplaciano, amplamente utilizados no estudo de ondas eletromagnéticas e irradiação (propagação) em geral.
  • Álgebra Booleana (base de toda lógica digital, dos computadores, da Inteligência Artificial) e Álgebra Matricial (base da matemática transfinita, que admite infinitas dimensões matemáticas).
  • Cálculos Estatísticos, base da ciência que prevê o clima, o mercado, as nações, as populações etc., que também sustenta toda a Futurologia Científica.
  • Cálculos financeiros, que são utilizados para verificar a viabilidade de um projeto com suas variáveis ​​de risco, receitas esperadas e custo de financiamento ao longo do tempo. Com essas informações são definidos parâmetros importantes para tomada de decisão quanto a um negócio/empreendimento/investimento, como a taxa interna de retorno do investimento, a depreciação do ativo imobilizado e o cálculo do valor presente líquido ou valor presente. Sem a matemática aplicada às finanças não seria possível saber se um projeto ou investimento é viável ou não.
  • Os números sagrados utilizados nas artes e que estão presentes em todo o universo, desde a hélice do DNA até as galáxias espirais, como Pi (3,1416), Fi ou seção áurea (1,618) e o número de Neper (base logarítmica 2,718).

E a matemática vai mais além, pois ela é a base do desenvolvimento tecnológico e científico da humanidade. A ciência dos números permitiu ao ser humano compreender os fenômenos da Natureza e do Cosmos, para que ele utilizasse as forças e leis da natureza a seu favor.
Porém, é importante esclarecer que quando o ser humano consegue verificar os fenômenos que observa com suas equações, não inventa leis, apenas as descobre.
As chamadas leis de Newton e de Kepler, entre outras, são demonstrações matemáticas relativamente recentes, que explicam por que o Universo é como é. Usando cálculos de expansão do Universo, as estimativas atuais indicam que o Cosmo físico (pelo menos nesta última manifestação do Big-Bang) tem cerca de 14 bilhões de anos.
Recentemente, a matemática aplicada à física de partículas levou a um modelo de Universo em que tudo se reduz a “cordas” vibrando intensamente e aglutinando-se entre si.
Na física quântica, as equações matemáticas têm solução se partirmos do princípio da simetria universal e de um espaço multidimensional com 10 níveis ou cordas. Simetria sagrada: a moderna física quântica fala em 10 vibrações ou cordas; a cabala nos ensina os 10 Sephirotes ou Esferas Divinas; o ser humano tem 10 dedos nas mãos e nos pés.
Em suma (que se origina de soma, resultado, conceito elevado, ideia final): o universo foi revelado aos seres humanos com a complexidade e simplicidade das fórmulas matemáticas.
Por isso, o velho e intuitivo Galileu Galilei afirmou: “A matemática é a linguagem com a qual Deus escreveu o Universo”.

Matemática e Filosofia Gnóstica

É extraordinário o estudo da filosofia da matemática e sua aplicação espiritual, com base na recomendação de Samael Aun Weor de “meditar sobre fórmulas físicas”.
Um exemplo disso é o estudo da segunda lei de Newton, que se resume na fórmula: F= (m)x(a), que, em palavras, pode ser definida assim: “para uma massa entrar em movimento acelerado é necessária a aplicação de uma força”.
Reflita um pouco caro leitor, dentro de você, em sua psicologia, em seu caminho espiritual: o que seriam essa “força”, essa “massa” e essa “aceleração ou crescimento da velocidade” ?
Cita também o mestre gnóstico da atualidade a famosa equação da relatividade de Einstein: E = (m)x(c2), equivalente a afirmar que: “a energia contida numa quantidade de massa pode ser expressa ao se considerar a velocidade da luz ao quadrado, ou seja, aplicado em duas oitavas sobre si mesma”. Novamente sugerimos uma reflexão íntima: como você pode elevar suas vibrações, a partir de seu corpo físico ? O que é, dentro de você, esta luz aplicada ao quadrado, ou em duas direções dimensionais ortogonais ?
Ao vislumbrarmos as conclusões filosóficas profundas advindas de fórmulas matemáticas, entendemos porque Samael ensina que “o número é sagrado, é infinito, é eterno”, e que podemos ver os números como entidades sagradas, deuses vivos.
Portanto, a matemática, como ciência que constrói uma ponte entre a filosofia e a mística, incluindo o estudo estético na música e nas artes (a seção áurea, a lei das oitavas), sintetiza a Gnose em seus quatro pilares (ciência, filosofia, arte e mística).
Seria muito longo descrever a profunda filosofia e mística contidas em entes matemáticos elevados como postulados (premissas), teoremas (afirmações comprovadas) e axiomas (verdades universalmente aceitas), mas em todos eles há profunda sabedoria gnóstica.
            Não é surpreendente, portanto, que alguns dos filósofos mais profundos e eternizados da humanidade, como Fo-Ji (I-Ching), os fabulosos hindus védicos, os maias, os egípcios e os gregos, só para citar alguns, sempre tenham trabalhado com a união perfeita entre a Matemática e a Filosofia.
Sergio Linke, instrutor da Associação Gnóstica de Fortaleza, Brasil, ilustrando essa ideia afirma que “o artista tem uma matemática intuitiva em seu profundo sentido estético; o filósofo usa matemática reflexiva quando conjectura sobre o abstrato das verdades universais; o místico saboreia os números e formas geométricas nas inúmeras manifestações perfeitas da Natureza e, claro, o cientista tem os números como ferramenta do seu dia a dia.”
Samael Aun Weor coloca ainda profundos conceitos matemático-filosóficos em sua Gnose, como o Nihilo Imanifesto (lei do zero), o Uno Emanador (lei do 1), o Duo Manifestador, o 3 Criador (lei de Triamazikamno), o 7 Organizador (lei de Heptaparaparshinock) e o Infinito, como o Sagrado Sol Abstrato Absoluto, que se funde com o zero, em uma espiral divina de absorção e de emanação – isso é matemática pura e transfinita. Novamente a Gnose das Leis Transfinitas.
Nessas conexões entre Matemática e Filosofia, é necessário especificar que a Dialética Gnóstica enfatiza a necessidade de se encontrar a síntese, o ponto médio, a não dualidade de qualquer conflito característico deste mundo de polaridades, para escapar da perigosa “heresia (dogma ) de separatividade”.
É urgente aprender a refletir e utilizar a terceira força (nem tese, nem antítese, mas sim síntese), o chamado “Zero Inicial” ou “Vazio Iluminador” da filosofia gnóstica, ou ainda o “Caminho do Meio” de Buda.
Por isso Samael sintetiza: “A ação lacônica do Ser, como manifestação concisa, é o movimento que o Real Ser de cada um de nós (o Íntimo) realiza de forma sintética, matemática e exata como uma mesa pitagórica”.

A Intuição Matemática

Mais pérolas de sabedoria samaeliana: “o mundo das intuições é o mundo da matemática”, “as fórmulas matemáticas conferem conhecimento intuitivo” e “quem quiser despertar a intuição deve estudar Física e Matemática.”
“O gnóstico que quiser ascender ao mundo da intuição deve ser matemático, ou pelo menos ter noções de aritmética. As fórmulas matemáticas conferem conhecimento intuitivo. As fórmulas de Kepler e Newton podem ser usadas para nos exercitar no desenvolvimento do conhecimento intuitivo.”
Dentre as grandes escolas matemáticas estão os logicistas, por um lado, e os intuicionistas, por outro. Isto é, há matemáticos que fazem matemática utilizando o método dedutivo, análise e raciocínio lógico. Outros matemáticos fazem matemática intuitiva.
Um exemplo disso é encontrado no filme “O Homem que Conheceu o Infinito”, a história de Srinivasa Ramanujan, um matemático indiano que, devido às suas habilidades surpreendentes, estudou em Cambridge e se tornou membro da Sociedade Matemática de Londres.
Há mais de 100 anos, o sábio hindu chegou a diversos resultados que até hoje são conhecidos como Matemática de Ramanujan, especialmente nas áreas de análise matemática, teoria dos números, séries infinitas e frações continuadas. Ele também foi autor de trabalhos usados até hoje para o âmbito da medicina do câncer e da informática (nascente na época), que redundam atualmente na Inteligência Artificial.
Porém, não podemos esquecer que, para ascender ao conhecimento intuitivo, a didática ensina primeiro a alcançar o conhecimento pela inspiração e, previamente, o conhecimento pela imaginação.
Segundo a definição tradicional de Gnose encontrada nos dicionários, como “conhecimento intuitivo das coisas divinas”, o tipo de intuição privilegiada nos estudos gnósticos é aquele que nos permite compreender a realidade suprema.
Entretanto, num sentido mais amplo, a intuição, juntamente com a inspiração e a imaginação, constituem três tipos de conhecimento superior que são atualmente reconhecidos como indispensáveis ​​para a formação de “soft-skills” (competências pessoais) em profissionais e gestores de empresas contemporâneas.
Os relâmpagos intuitivos são sintéticos. A intuição é a chave para uma tomada de decisão rápida. Às vezes, a decisão tomada é uma espécie de arrebatamento (revelação inesperada), como acontece com grandes enxadristas em suas tentativas de vitória.
Grandes jogadores de xadrez intuitivos têm a capacidade de encontrar a melhor opção prática sem consumir muito tempo em cálculos e, portanto, no relógio. Assim, para Garri Kasparov, várias vezes campeão mundial de xadrez, a experiência e a intuição são tão importantes quanto a capacidade de analisar os fatos. A intuição não apenas nos diz o que e como, mas também quando.
Além da imaginação e da inspiração, podemos alcançar o ápice da intuição criativa. A intuição é algo diferente da análise lógica. A intuição é a capacidade de conhecer, compreender ou perceber algo de forma clara e imediata, sem a intervenção do intelecto, sem a necessidade de realizar raciocínios complexos.
A intuição é uma habilidade cognitiva que não requer o uso da lógica, uma vez que a lógica humana, tal como a conhecemos, é dualista, baseia-se na luta dos opostos.
Como exemplos de conceitos dualistas temos bem e mal, certo e errado, rico e pobre, alto e baixo, meu e seu.
Ou seja, a lógica, como característica do pensamento vertical e focal, separa, divide, classifica, dá o termo “razão” que significa divisão. A lógica analisa, quebra (divide).
Complementarmente, a intuição, como característica do pensamento expansivo e sistêmico, unifica, reorganiza. A intuição sintetiza (integra).
Em termos filosóficos, especificamente relacionados com a Gnoseologia ou Teoria do Conhecimento, é necessário um pensamento monista e holístico, que permita o acesso à intuição.
Monismo é a doutrina filosófica que sustenta que a matéria e o espírito, o físico e o psíquico, como aspectos da realidade, são idênticos em sua essência, ou seja, que a realidade última é composta inteiramente de uma única substância. No campo religioso, ele será a divindade suprema. Para os gregos, essa substância primordial era chamada de Arché ou Arké. Para os hindus, é Akasha.
Uma intuição é uma ideia que possui as duas propriedades fundamentais de uma realidade concreta e objetivamente dada: imediatismo (evidência intrínseca) e certeza (não uma certeza convencional formal, mas uma certeza imanente e praticamente significativa).
Em entrevista à BBC Mundo, o ganhador do Prêmio Nobel de Física, James Peebles, explicou que formulou em 1982 a teoria da matéria escura porque é simples e direta, oriunda de pura intuição.
E ainda assim, essas informações tão amplas e ricas sobre as bases científicas da matemática como origem e suporte de tudo, podem parecer incompreensíveis para um cidadão reflexivo comum, dada a complexidade do raciocínio, dos termos e das fórmulas.
A boa pista para sair deste labirinto é dada por Samael Aun Weor: use sua intuição, querido leitor.
Samael ensina um exercício para “afinar o coração” e despertar a faculdade da intuição: a prática gnóstica mântrica de vocalização da vogal O. O praticante deve se concentrar no coração, vocalizando e alongando o som, assim: OOOOOOOOOOOOOOOOOOO. Haverá resultado se a prática for executada de forma consciente e constante, pelo menos uma hora por dia e durante pelo menos um ano.
Ao despertar o poder da intuição, você será um aluno melhor, um notável explorador do seu próprio mundo interior, com capacidade excepcional de ler e compreender a natureza dos números e sua expressão na matemática.

Além de Euclides

Exemplos muito ilustrativos da concepção geométrica do mundo encontram-se na obra O Livro Amarelo, em que Samael Aun Weor transcende os postulados da Geometria de Euclides, com base em princípios já reconhecidos desde o início do século XX pelas geometrias não euclidianas.
Sobre esses princípios, com a síntese conceitual que o caracteriza, cita Samael: “O paralelo único não existe. O espaço tridimensional absoluto e dogmático do geômetra Euclides é improvável e falso.” Neste livro o mestre gnóstico Samael explica, entre outros elementos matemáticos interessantes, que o espaço é multidimensional e que a quarta dimensão é hiperespacial, o que podemos e devemos relacionar com ondas eletromagnéticas e, mais modernamente, até com a relatividade e a física quântica.
Em relação à quarta dimensão, reconhecida pelos físicos desde o início do século XX, em seu livro O Parsifal Revelado, Samael coloca a frase nos lábios de Gurnemanz: “O tempo é espaço aqui”. Já no livro O Cristo Social, Samael aborda a questão dos hipersólidos ou corpos quadridimensionais. Explica também que os fenômenos da Natureza se processam dentro dos conceitos de tempo, espaço e movimento.
O espaço é multidimensional. No entanto, percebemos o mundo de acordo com nosso sentido espacial. Percebemos o espaço tridimensional, ou seja, observamos linhas, planos e sólidos. Com o sentido espacial desenvolvido, poderíamos perceber a quarta, a quinta ou até a sexta dimensão.

A lógica superior

Na Mensagem de Natal 1967-68, intitulada Os Corpos Solares, Samael aborda o tema da matemática transfinita desenvolvida por George Cantor que, para esse fim, juntamente com a análise da multidimensionalidade do espaço e da lógica superior, nos recomenda a prestar muita atenção a Pedro Ouspensky, especialmente às suas obras Um Novo Modelo do Universo e O Tertium organum.
Nesta obra, o gênio gnóstico contemporâneo Samael parte da lógica dedutiva para nos levar à lógica superior, ao terceiro cânone do pensamento ou tertium organum. Existem três métodos diferentes: os dois primeiros são dedução e indução; mas o terceiro existiu antes dos outros dois.
Essa lógica que surge ao colocarmos sabiamente a parte superior do centro intelectual a serviço do coração, tem seus próprios axiomas, como os seguintes, citados por Samael Aun Weor: “Tomando os axiomas de Aristóteles como modelo, poderíamos expressar de forma inteligente o principal axioma da lógica superior da seguinte forma: ‘A é A e não A’. ‘Tudo é A e não-A.’ A fórmula lógica: A é A e não A, corresponde a uma certa fórmula matemática transfinita que diz: ‘uma grandeza pode ser maior ou menor que ela mesma’ ”.

Conclusões

O conjunto de relações que poderíamos fazer entre a Gnose e a Matemática é inumerável.
É impressionante, como vimos, a maneira com que a Filosofia dos Números se entrelaça com a Ciência da Quantidade, a Arte da Geometria Sagrada e a Mística do Uni-Verso-Criador.
Este mistério em muitas épocas foi altamente iniciático e sua divulgação a externos era até punido com a morte.
Mas nos atrevemos a afirmar que este segredo continua sendo reservado somente aos “eleitos”, mas agora num sentido mais amplo: àqueles que se auto-elegeram para investigar os belíssimos tesouros da ciência-filosofia-arte-mística chamada de Matemática.
Você agora é chamado a adentrar este maravilhoso Vestíbulo do Sagrado Templo dos Números, querido leitor, interessada leitora. As condições são:

  • Estude a matemática sem preconceitos e com leveza, como se nunca a tivesse visto;
  • Aguce sua Intuição criadora, nutrindo a imaginação e a inspiração, como ensina a Gnose de Samael Aun Weor. Meditação Serena Profunda é o caminho;
  • Não use somente a mente e o raciocínio para chegar às conclusões; a matemática é uma musa muito exigente. Para ser conquistada presenteie-a com emoção, carinho, amor. Coração e intuição são as joias que Ela mais aprecia;
  • Trabalhe intensamente com a Psicologia do Despertar da Consciência, para manter a mente límpida e fluente. Que teu pensamento seja um instrumento não nas mãos do ego, mas sim do Íntimo, do Ser, da tua Sagrada Mônada Imortal.

Este foram passos percorridos por gênios como Pitágoras, Hipátia de Alexandria, Al-Kwarismi, Fibonacci, Elena Piscopia, Kepler, Caroline Herschel, Newton, Leibniz, Gauss, Sofya Kovaleskaya, Ramanujan, Maryam Mirzakhani.
Portanto, agora fazemos este convite a você, querido leitor, estimada leitora, para que se motive e comece a saborear as maravilhosas interrogações que a abstração dos números nos evoca no infinito de nossas almas.
Nossa Alma é uma fagulha do Divino; e eles se comunicam por matemática !

Academia Gnóstica Internacional, agosto de 2024: Fernando Navarro (México),
Gerardo Aldana (Colômbia), Jorge Galindo (Guatemala) e Sergio Linke (Brasil).

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O QUE É GNOSE?

Gnose vem do sânscrito Gnana e do grego gnôzis, que se latinizou como cognoscere, ou seja, conhecer, como nas palavras diagnóstico, prognóstico etc. Gnose, literalmente, quer dizer “conhecimento” ou “conhecimento superior”. Leia mais

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