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Meditação: estar no colo da Divindade

Meditação: estar no colo da Divindade

 

O tema da meditação tem ocupado cada vez mais espaço em nossa sociedade. Há milênios usada como a prática religiosa por excelência, a meditação atualmente tem também uma vertente científica e acadêmica, onde são ressaltados seus resultados benéficos na agitada vida moderna.

Na tradição espiritual a Meditação objetiva o autoconhecimento e a autorrealização do ser humano, buscando acessar o Ser Interior e fundi-lo com a Divindade – o chamado êxtase ou Samadhi. Na Meditação espiritualista busca-se a libertação da individualidade, do ego, da parte, para religar-se à Criação, ao Divino, ao Todo que tudo originou.

Já na sua abordagem científica, muito em moda na atualidade e algumas vezes explorada comercialmente com intenções não tão nobres, a meditação surge como uma espécie de terapia mental ou ferramenta de concentração, de atenção plena, de resolução de problemas e até de controle de emoções e pensamentos, diminuindo a ansiedade e o estresse, atuando ainda no combate à depressão. A meditação propicia um descanso e uma recuperação profunda no menor tempo possível, tanto física quanto mental e emocionalmente, sendo muito eficaz contra os distúrbios do sono.

Pratico meditação regularmente há mais de 40 anos e pude constatar que são verdadeiros todos os benefícios e objetivos propostos pela ciência e pela religião.

A meditação é tanto a busca da quietude mental e emocional necessária para conquistar um estado interior de clareza e tranquilidade, quanto uma ferramenta de contato com a Divindade. E ela nos permite acessar tanto o Divino Interior (nosso Real Ser) quanto a Deidade Externa, Aquela que a tudo sustenta.

Por isso que tão belamente sintetizou o mestre gnóstico contemporâneo Samael Aun Weor, ao ensinar que “a Meditação é o Pão diário do Sábio”, ou seja, quem medita busca Sabedoria para alimentar sua alma.

Mas por que então todas as pessoas não meditam ? Se esta técnica milenar é tão revolucionária, qual o motivo de tantos nem a conhecerem ? Durante anos busquei essas respostas… Ora, muito simples: pelo mesmo motivo que nem todas admiram as estrelas, ou aprendem novas línguas, ou fazem exercícios físicos: elas não se voltaram para isso ou ainda não descobriram a beleza, o prazer e os benefícios dessas práticas.

Recentemente convivi bastante com minhas afilhadas pequenas e com meu neto recém-nascido. Como sempre, as crianças são nossos melhores instrutores, bastando estarmos atentos: ao pegá-los no colo e observá-los serenamente pude constatar algo extraordinário: quando medito me sinto criança no colo de Deus.

Uma criança no colo recebe calor, aconchego, proteção, carinho, às vezes mamadeira ou seio para mamar… Da mesma forma quando buscamos Deus nos momentos de aflição.

Uma criança no colo pode se deslocar, mesmo que ainda não saiba andar ou esteja adormecida… Do mesmo jeito quando clamamos ao Eterno para nos guiar e acompanhar.

Uma criança no colo conquista guarida de seus medos, de suas angústias, de suas inseguranças, de suas dores… Idêntico a quando pedimos Providência Divina.

Uma criança no colo consegue olhar do alto, ver mais amplo, mais longe, vislumbrando coisas que antes – do mais baixo – não via. Ela conquista uma outra visão de mundo. Tal qual quando rogamos que o Altíssimo nos amplie a visão e nos mostre a verdade e completude das situações.

Uma criança no colo consegue conversar olho-no-olho com o adulto, com seu pai, sua mãe, seu avô ou seu padrinho… ela consegue antever como será um dia: grande, forte, poderosa, sábia (é assim que as crianças nos veem). Da mesma maneira quando buscamos Imitar o Cristo, o Filho de Deus.

Assim a criança conquista novos parâmetros, aprende a se autoconhecer, traça planos para se aprimorar e se autotransformar, ganha motivação, exemplos e forças para seguir adiante, para recomeçar. Da mesmíssima forma, com este espírito de esperança no recomeço, comemoramos as principais datas religiosas no ocidente – o Natal e a Páscoa, ambos símbolos solares de nascimento, ressurreição e paz.

Já pratiquei dezenas de técnicas de meditação, espiritualistas e científicas… e fiz cada uma durante pelo menos vários meses. Não vou citá-las aqui para não criar diferenciações. Mas confesso que depois de alguns anos comecei a achá-las muito complicadas, muito técnicas, muito esquematizadas, muito dependentes de condições externas, muito cartesianas, muito humanas, muito adultas… atualmente muitas até fomentam a venda de caros aplicativos de celulares ou salas de meditação hi-tech.

Hoje, ao buscar o estado meditativo, lembro-me de minha infância com Coração de Menino e simplesmente me deixo ficar no colo da Divindade. Ali, como criança da alma e infante do espírito, sei que tudo receberei do Altíssimo, do Deus Pai-Mãe.

Agora compreendo porque há tanta devoção, emoção e sabedoria nas figuras da Mãe egípcia Ísis com Hórus ao colo, ou da hebraica Mãe  Maria com Jesus nos braços… ou ainda dos Pais Osíris e José com seus rebentos…

Esses Mestres foram salvadores porque deixaram-se pegar no colo por suas Mães e Pais Divinos.

E com um só objetivo: depois se tornarem eles mesmos colos para toda Humanidade.

Então para você, querido leitor que está buscando técnicas para aprender a meditar, tenho apenas uma sugestão:

Bom colo !


Sérgio Linke é engenheiro, profissional do mercado financeiro e instrutor de Gnose

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