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A Alma Humana e as Saudades de Deus

A ALMA HUMANA E AS SAUDADES DE DEUS

 

Os mistérios da natureza e da vida nos convidam a refletir sobre a Pacífica e Consciente Ordem que parece permear toda a criação, mesmo que de forma invisível e muitas vezes imperceptível.
Cientistas proclamam esta Intangível Ordem na síntese última de suas teorias; filósofos a veem na estética e na explicação da origem das criaturas; artistas a decantam em árias, poemas, pinturas, esculturas, catedrais; místicos religiosos lhes dão forma ora como pomba, ora como cordeiro, noutras como vaca, alhures como um falcão…
Mas talvez a forma mais simples de constatar a presença da Divindade Cósmica (aquela que organiza e dá ritmo a todas as coisas) seja em nós mesmos.
No local correto, com a paz de espírito precisa, mediante atenção consciente e em reflexão serena podemos sentir a presença de Deus em nosso interior: no coração que pulsa, no interesse e curiosidade que nos motiva, na interdependência com todos os seres, no sorriso de uma criança, na mãe-ursa que protege ferozmente seus filhotes…
E esses momentos de consciência são tesouros do espírito humano. Neles podemos verdadeiramente fazer nossa própria religião (religação com a divindade). Nessas ocasiões nos sentimos partes da Obra, da Ordem e dos Desígnios divinos.
Na antiga Grécia houve há mais de 2 milênios uma linha filosófica chamada Gnose, a qual ensinava ter a alma humana “saudades do Pleroma”, sede da Plenitude Divina, de Paz e Harmonia.
Naquela época todo aspirante à filosofia gnóstica, ou literalmente “amante da sabedoria”, deveria em primeiro lugar buscar a serenidade interna que lhe permitiria esta conexão com a Ordem Divina de todas as coisas. Então não eram necessárias religiões, mestres, salvadores, sacerdotes, seitas e seus propagadores. O ser humano aprendia a buscar Deus dentro de Si mesmo e na própria harmonia eterna de Sua Obra. Os gnósticos antigos constatavam que “Deus se oculta em Sua Obra”.
Esta sabedoria misteriosa e transcendente, denominada de Gnose, não se confunde com informação ou conhecimento intelectual ou livresco. É um tipo de conhecimento superior, baseado na vivência e na tomada de consciência dos aspectos essenciais da vida e de nossa relação com as leis superiores. É de origem intuitiva e se manifesta por revelação.
Originada na experiência direta, a Gnose não tem dogmas ou outros impositivos teológicos ou filosóficos. Por isso muitos estudiosos de todos os tempos definiram a Gnose como uma revelação interior, um conhecimento consciencial advindo do contínuo exercício psicológico, científico, filosófico, artístico e místico.
Para atingir a revelação interna e a chamada Auto-Gnose, o gnosticismo ensina três grandes pilares, que devem ser construídos simultaneamente: 1º) trabalho psicológico contínuo de autoconhecimento e de autotransformação, objetivando a eliminação dos defeitos humanos (orgulho, inveja, luxúria etc) e a alimentação e fortalecimento das virtudes da alma (humildade, coragem, respeito ao sexo etc.); 2º) trabalho energético constante para a transmutação das energias criadoras – aquilo que muitos chamam no oriente de tantrismo branco; e 3º) servir a humanidade de forma desinteressada, mediante o exercício da compaixão, da caridade e do auxílio a todos os seres.
Valendo-se de ferramentas que vão da Meditação à Projeção Astral, da Psicologia Tibetana à busca pelo estado de felicidade real e interna chamado de Nirvana, dos exercícios respiratórios e mântricos para equilibrar os corpos sutis a avançadas técnicas de Alquimia Sexual, a Gnose tem um cabedal maravilhoso e prático de técnicas para o Despertar da Consciência de seus praticantes.


Sérgio Linke é engenheiro e instrutor da Associação Gnóstica de Brasília

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Gnose vem do sânscrito Gnana e do grego gnôzis, que se latinizou como cognoscere, ou seja, conhecer, como nas palavras diagnóstico, prognóstico etc. Gnose, literalmente, quer dizer “conhecimento” ou “conhecimento superior”. Leia mais

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